segunda-feira, 22 de outubro de 2012

São, São Paulo meu amor São, São Paulo quanta dor...

É mais ou menos assim que eu defino São Paulo, não com a mesma paixão inconformada do baiano doidão Tom Zé, mas com o combinado, um tanto quanto ambivalente, de sentimentos e decepções sobre a maior cidade do Brasil.

São Paulo já me proporcionou muitas alegrias e tristezas, afinal, quanto mais alto o salto, pior a queda, não é mesmo? Nada que eu não possa ter me recuperado, e de forma grandiosa. Pois então, foi lá que eu vivi as mais loucas e emocionantes histórias e estórias, daquelas bem da carochinha mesmo, com grandes amigos. Mas também tive algumas perdas significativas. Falei no texto anterior sobre sincronicidade e tive alguns momentos de arrepiar o cabelo na cidade cinza.

Lembro-me da ocorrência de alguns “Deja vus”, mistos de sentimentos já vividos de alguma determinada situação, com algumas expectativas em viver aquelas experiências novamente. Foi algo muito confuso, que eu não conseguia entender, quanto mais explicar aqui. Nunca sequer falei isso pra ninguém, até porque nunca fui entendedor, nem simpatizante de espiritismo.

Na minha primeira viagem, lembro que fui gravar um programa da MTV com o Canto e, de quebra, fiz um show em Osasco com Nando Reis. Ficamos na casa da empresária da banda, que era casada com Peu, grande guitarrista daqui de Salvador. Lembro que eu estava no meu último semestre de faculdade. Meu pai, que ainda pagava minhas contas, não podia saber de jeito nenhum que eu tinha viajado e passaria quase duas semanas sem pisar os pés na faculdade. Nesta curta temporada, Peu resolveu fazer um churrasco e convidou alguns  amigos para o rega-bofe. O mundo é pequeno pra caramba, tem alemão, italiano, italiana, já dizem Paulinho Moska e Lenine. Não é que um dos convidados de Peu era um colega direto de trabalho do meu pai, o também guitarrista, da Brincando de Deus e Theatro de Serafim, César Vieira.

São Paulo nunca me despertou interesse. Penso que o mar é fundamental para o desenvolvimento, de uma forma geral, saudável das pessoas. Nem sou um amante, ou fã de carteirinha de praia. Gosto, mas gosto e ponto. No entanto, o mar acalma, o vento do litoral refresca, o clima muda, e o temperamento das pessoas também. E São Paulo sempre se mostrou desta forma pra mim, um gigante cinza, triste, mal-humorado e sem o melhor remédio na vida de qualquer pessoa: o mar.

Não vou terminar o que penso sobre SP hoje, semana que vem eu escrevo mais. Em tempo: hoje eu tava assistindo a um filme – acho que foi ele que me fez pensar na cidade – muito bom, chama Dois Coelhos.Todo ambientado em São Paulo. De certa forma, me trouxe lembranças incríveis, mas aconteceu o inacreditável e inesperado. O filme parou na metade...Penso que  deu erro quando coloquei pra gravar. É, me resta então continuar cantando a música: São, São Paulo, meu amor. São, São Paulo, quanta dor...

segunda-feira, 15 de outubro de 2012

A palavra da vez é...



A palavra da vez é Sincronicidade: conceito bastante complexo do grande teórico da psique e muito importante na minha formação de psicólogo, Carl Gustav Jung. Sincronicidade é um termo desenvolvido por Jung para definir coincidências no tempo de dois ou mais eventos, sem relação causal, mas com o mesmo conteúdo de significado. Engraçado por que a todo  momento eu me pego pensando em certas “coincidências” que acontecem  e percebo como o mundo tenta  manter uma ordem, uma homeostase natural no que se refere a tempo, lugar, espaço e estado de espírito. 

Bom, eu era um mero estudante de psicologia e aspirante a músico há 8 anos, tinha uma banda de punk-rock nos fins de semana, e havia formado outro grupo que veio a se chamar Canto dos Malditos na Terra do Nunca. Saudade boa desta época em que as únicas preocupações eram com as notas baixas na faculdade, ou com o toco da não tão futura namorada, ou quando o nosso show não havia saído como planejávamos. No meu último ano de faculdade, exatamente último ano de faculdade, a não muito promissora Canto dos Malditos deu um salto tremendo e conseguiu fazer duas viagens a São Paulo para se apresentar em um programa de televisão e abrir shows de artistas consolidados no nosso Brasil de meu Deus, como Ira e Nando Reis; chegamos também a abrir o show da banda inglesa Placebo. Em todo este ano eu conciliava o meu último período de faculdade de psicologia - atendimento terapêutico no serviço de psicologia, trabalho de conclusão de curso para dar conta e disciplinas a concluir - e os shows pelo Brasil afora, coisa de louco. Bom, o mais interessante ainda está por vir. Chega o tão esperado dia, a formatura, e o não menos esperado contrato com uma grande gravadora multinacional. Como assim? Me formei em um dia e assinei um contrato para gravar um cd na “Cidade Maravilhosa” no dia seguinte, e com todo um “planejamento” de morar na terra da garoa. Que beleza, heim? E tudo isto com as bênçãos da Rainha do mar. Colei grau no Teatro Yemanjá, e a reunião para a assinatura dos contratos foi em um restaurante de mesmo nome, Yemanjá. 

O que eu percebo é que há uma força cósmica e misteriosa que parece dar sentido a todos os eventos, conectando-os entre si. O próprio Jung já dizia que eventos sincrônicos acontecem pela simultaneidade de um estado psíquico com um ou vários acontecimentos que aparecem como paralelos significativos de um estado subjetivo momentâneo e, em certas circunstâncias, também vice-versa. Interessante pensar na importância que tiveram os eventos relatados e a gama de possibilidade que estes me ofereceram, e sigo até hoje: com a psicologia, em que percorro um caminho, sinuoso, mas muito bonito e é assunto para ser vivido aqui no blog em outro momento, com a música, não tão freqüente quanto outrora, mas sempre presente na minha vida, e com São Paulo, este me deixa uma Saudade...

domingo, 7 de outubro de 2012

Passado, Presente e Futuro entrelaçados...


Em tempos de internet, a informação tem sido tão rápida que perdemos o prazer de conversar sobre os conhecimentos acumulados, "saberes" estes que entram por um ouvido e saem pelo outro, sem que possamos fazer nada com eles. Não temos mais tempo de digerir ou processar a informação. Simplesmente, soltamos no twitter, facebook, Orkut, mouse – como já diria o Grande Nillo Sérgio, quando quer dizer que não entende nada de computador, informática, tecnologia e afins – ou qualquer outro meio internético que limita o número de caractere em 120 palavras.

Bom, falo sobre a explosão da rede mais globalizada do planeta e, portanto, uma das mediadoras mais importantes do nosso desenvolvimento intelectual. Será? Bom, o que percebo é a fluidez com que as notícias se perdem através do ganho de novas “ondas”, gigantes e marolas, que desvanecem na rede ao navegarmos, e as perdas significantes da criatividade e da implicação do sujeito com o que é oferecido pela internet.

Não quero que esta ferramenta seja uma forma de julgamento sobre as experiências dos outros, mas um olhar sobre a minha própria experiência, e que me faz perceber outras realidades a partir do meu referencial, entrelaçando presente, passado e futuro. Ou seja, é uma forma de eu me descobrir através da escrita. Algo que eu acredito que perdi nos últimos anos – falo em dez anos – justamente por causa da nossa acelerada vida cotidiana. Temos tudo tão rápido, temos que ter tudo tão rápido, mas, também somos exigidos na mesma proporção com que exigimos. Temos uma sede tremenda de tempo, mas se ganhássemos 26 horas a mais no nosso dia, mesmo assim, não pensaríamos sobre a necessidade de separarmos um espaço para nos descobrirmos.

Vou tentar manter assiduidade e escrever com uma certa frequência, não com o intuito de tornar o meu perfil significante dentro da realidade virtual, mas para fazer-me presente, principalmente, para mim mesmo. Inovar quando for preciso, refletir sobre o que não penso pelas circunstâncias da vida, criticar o que não for condizente com a minha forma de viver e dissonante com os meus valores, mas acima de tudo, tomar consciência de mim. Já diria o mestre Bituca: “Nada a temer senão o correr da luta, nada a fazer senão esquecer o medo. Abrir o peito a força, numa procura. Fugir às armadilhas da mata escura. Longe se vai sonhando demais, mas onde se chega assim. Vou descobrir o que me faz sentir:  EU, CAÇADOR DE MIM”.

Não quero ficar aqui divagando teorias, mas se for necessário compreender a minha banal, nem por isso triste, vida cotidiana a partir dos mais “hypes” autores da “última semana”, farei uso, porque não? Já estão aí pra não me fazer mentir as frases curtas, rápidas e caceteiras, dos Caios Fernandos, das Clarices, dos Drummonds, dos Nitzsches, dos Arnaldos – Jabour e companhia, Veríssimos e dos Compadres Wachingtons, juntos na mesma panela “intelectual”. Assim sigo caminhando na mesma velocidade da informação, mas perscrutando o que está nas entrelinhas do meu cotidiano criativo.